KESSIA RAMOS

O direito civil brasileiro trata pessoas como contratos e contratos como pessoas.
Três diagnósticos de quem une academia, procuradoria e advocacia privada:
1. O paradoxo da superficialidade jurídica
O mercado prefere velocidade à reflexão até precisar de alguém que entenda a filosofia por trás da norma, não só o artigo. Academia não está distante da prática. O mercado é que despreza profundidade. Mestres que advogam são raros porque o sistema recompensa a pressa, não o pensamento.
2. A vantagem sistêmica da experiência pública
Dois anos defendendo município revelam como instituições operam, decidem e erram. Procuradoria ensina o que escritórios não ensinam: pensar como sistema. Esse conhecimento da máquina pública é impossível de adquirir só na advocacia privada.
3. A desumanização do direito civil
Direito de família sem filosofia vira contabilidade de mágoas. Sucessões viram guerra, divórcios viram vingança. Toda relação jurídica é primeiro uma relação humana. Passamos décadas criando teorias sobre responsabilidade civil mas esquecemos: responsabilidade perante quem?
